Cap. 30
— Não falar sua língua – repete o indígena a cada pergunta que lhe é feita, sempre recebendo um soco a cada resposta.
— Não adianta insistir, Dimitri – diz o homem gordo. – Ele não vai entregar nada.
Dimitri: — Você acha que ele realmente não entende nossa língua?
Homem gordo: — Claro que entende. Aliás ele estava muito interessado em soltar a língua na Mademoiselle Venin quando o pegamos. Só acho que nem ele, nem o xerife ali vão falar nada sobre os planos de Augustus.
O indígena e Wayne se entreolham perguntando que raio de planos são esses?
Dimitri desembainha vagarosamente uma faca de sua cintura: — Pois bem, já que são tão leais e suas bocas são dois túmulos...
O homenzinho surge novamente: — Dimitri, Isak, adivinhem quem nós pegamos espionando o circo?
Isak, o homem gordo: — Bem, se temos um xerife e um índio, só pode ser um padre.
Enquanto Isak ri sozinho, Dimitri brinca com a faca por entre seus dedos e pergunta: — Diga logo, Kleber, tenho laços de amizade a cortar por aqui.
Olhando para Isak, ele equilibra a faca no indicador e fala com o canto da boca: — Aprenda, é assim que se faz um chiste.
Kleber, o homenzinho: — O maldito Augustus! Nós o pegamos onde estamos armando a tenda central.
Dimitri passa a faca entre seus incisivos, olha para o vazio por um instante e se volta para Kleber novamente: — Quem sabe que ele está aqui?
Kleber: — Nós, aqui e mais Zyan e Zayn, que o pegaram lá.
Dimitri — Ótimo, melhor que ninguém mais o veja. Avise Mademoiselle Venim. Ponham os sacos na cabeça desses dois de novo. Depois veremos como nos livraremos deles.
Kleber: — Zyan e Zayn já foram afisá-la.
Dimitri: — Os dois foram?
Kleber: — Eles são gêmeos, fazem tudo juntos.
Dimitri, de olhos fechados com a faca pressionada contra a testa: — Certo, então me diga, quem ficou tomando conta do senhor Augustus?
Kleber, engolindo seco: — Ninguém, mas ele está bem amarrado, fique tranquilo.
Não fosse o saco em sua cabeça, seria difícil disfarçar o sorriso que surge no rosto de Wayne ao ouvir aquelas palavras.